Martin Mystère

Martin Mystère foi inicialmente publicado em 1982, em Itália, pela editora Bonelli. O argumento da série coube a Alfredo Castelli, criador do personagem, que trabalhara já para a mesma editora em Zagor e Mister No, e os desenhos caíram sob a responsabilidade de Giancarlo Alessandrini, sendo muitos os artistas que posteriormente se dedicaram igualmente a ilustrar estas aventuras.

Castelli havia apresentado a Sergio Bonelli em 1980 a ideia de criar uma personagem dirigida a um público mais adulto, um investigador de fenómenos científicos raros, através de intrigas que envolvessem um misto de arqueologia e de fenómenos fora do normal.

Assim nasceu Martin Jacques Mystère, um cidadão nova-iorquino, especializado em história da arte, antropologia, arqueologia, mas também produtor televisivo, escritor, jornalista e coleccionador de objectos estranhos. Grande parte das suas aventuras decorrem em Itália, mas também em muitos outros lugares, sempre que a sua curiosidade o leva a enveredar por investigações em locais onde ocorrem situações que despertam a sua atenção.

Numa das suas aventuras na Mongólia encontra um homem do Neandertal, Java, que passa a acompanhá-lo. Caracteriza-se pela sua enorme força e pelo seu instinto, que frequentemente contribuem para que os heróis destas aventuras se livrem de apuros. Outra personagem secundária é a sua eterna namorada, Diana Lombard, que igualmente se vê envolvida nos mistérios.

Mas a série não estaria completa sem a presença de um arqui-inimigo, Sergej Orloff, um ex-colega de Mystère, que, sob a capa de homem de negócios, se envolve em actividades ilegais, marcando-o sobretudo a falta de escrúpulos e um carácter violento, que o leva a colocar em risco a vida do principal personagem em diversas ocasiões. E como uma ameaça nunca vem só, existe ainda uma organização secreta e misteriosa, os «Homens de Negro», que tenta encobrir muitas das descobertas efectuadas por Martin Mystère.

Alfredo Castelli, o autor e argumentista de Martin Mystère é considerado o primeiro fanzinista (sobre o conceito, ler o blogue especializado de Geraldes Lino) italiano, e um especialista na história dos «quadradinhos». Aqui há uns meses tive o prazer de trocar algumas mensagens através de correio electrónico com este autor, a propósito de um original de uma tira norte-americana dos inícios do século XX que possuo e cuja autoria me levanta algumas dúvidas. Por essa altura, Castelli enviou-me um ficheiro electrónico com algumas páginas de um longo estudo sobre as origens dos «comics» (ou «fumetti», em italiano) que se encontra em elaboração e intitulado Eccoci Ancora Qui!

Infelizmente, a série tem sido praticamente ignorada em Portugal, uma vez que o acesso às suas aventuras é feito sobretudo através de edições brasileiras, que nos chegavam de forma intermitente, até à recente interrupção da sua publicação no Brasil. A lista das publicações brasileiras pode ser encontrada aqui. Mas é possível adquirir as edições italianas, sobretudo através da Internet, tal como a publicação Zona X, que foi igualmente lançada por Castelli em 1992, com aventuras dedicadas ao mesmo personagem.

A popularidade de Martin Mystère levou ao aparecimento de uma série televisiva animada, numa co-produção entre o Canadá e a França, de 66 episódios, com cerca de 22 minutos cada, cuja realização coube a Stephane Berry. Existem também jogos para computador ou consola.

As páginas aqui apresentadas foram desenhadas por Alessandrini, para o número 175 «Docteur Mystere» (página 75), e por Giovanni Crivello, para o número 10 de Zona X (página 104). A primeira tem a dimensão da mancha de 35,6 por 26,2 cm e do papel de 48 por 33 cm; a segunda tem a dimensão da mancha de 30 por 42 cm, aproximadamente.