sexta-feira, junho 26, 2009

Billy Bunter

Um dos anti-heróis mais conhecidos dos comics britânicos é, sem sombra de dúvida, Billy Bunter. Mas, muito antes de ter surgido nos quadradinhos, o seu aparecimento data de 1908, na revista The Magnet, tendo sido uma criação de Charles Hamilton, sob o pseudónimo de Frank Richards, embora tenha anteriormente surgido na revista The Gem, com características algo diferentes. Ganhou desde o início uma enorme popularidade, o que originou uma boa quantidade de livros com esta personagem, peças de teatro, uma série televisiva, transmitida entre 1952 e 1961, para além de histórias aos quadradinhos.




Excerto de um episódio da série televisiva


Foi na revista Knockout que fez a sua primeira aparição em 1940, inicialmente com desenhos de C. H. Chapman, um ilustrador que trabalhara para a revista The Magnet, que entretanto deixara de publicar-se por diversas razões, entre as quais a redução de circulação e a subsequente subida do preço de capa, bem como a crise de papel provocada pela II Guerra Mundial. A responsabilidade dos desenhos passou por diversas mãos até Frank Minnit (1894-1958) ter sido chamado a concretizá-los, o que durou até os editores considerarem o estilo de Minnit algo ultrapassado e lhe retirarem a série, tendo-lhe sucedido Reg Parlett até 1961, quando a revista Knockout foi extinta, passando a publicar-se em Valiant até 1976, mas algumas das suas histórias foram publicadas em revistas posteriores. Na Holanda, a personagem atingiu alguma popularidade enquanto Billie Turf, sendo as suas histórias publicadas em álbuns até aos dias de hoje.

Algumas das publicações onde surgiu a personagem.
O que tinha de especial esta personagem para que tenha alcançado tanto sucesso? Billy era um rapaz obeso, míope, cobarde, preguiçoso, narcisista, cujos interesses não iam além de comer e engendrar planos atrás de planos para conseguir obter comida, os quais frequentemente falhavam e davam origem às mais diversas punições. Passado em grande parte no ambiente de uma escola pública britânica, muitas das personagens secundárias eram colegas ou professores, em particular o director da escola, que eram quem se encarregava de aplicar os castigos a Billy Bunter, os quais, na tradição do ensino do Reino Unido, passavam por ser vergastado com uma vareta pelo director ou ser pontapeado pelos colegas, que dele troçavam com frequência.

No entanto, a sua capacidade de ultrapassar estas situações, a sua persistência ao nunca desistir de elaborar esquemas para atingir os seus objectivos faziam com que fosse visto com alguma complacência pelos seus fãs, que apreciavam o seu espírito combativo, bem como as situações, muitas vezes hilariantes, que resultavam das diversas tentativas em alcançar os seus propósitos, servindo-se de uma capacidade inata para o ventriloquismo de que se servia com frequência e que propiciava alguns dos momentos mais interessantes, para além do facto de os leitores verem nesta série uma crítica mordaz ao sistema educativo britânico e um retrato, embora algo distorcido, das suas próprias vivências.

A página original aqui apresentada terá sido publicada na revista Knockout a 2 de Julho, segundo nota manuscrita, acompanhada da indicação «dreadfully urgent» e a numeração 9814 e 9815, mas não há indicação de ano nem de autoridade, tendo sido desenhada por Frank Minnit. Trata-se de um conjunto de duas tiras, com a dimensão total de 43,5 por 27 cm para os desenhos e de 47 por 30 cm para o papel, aproximadamente. No verso, existe um esboço de uma das tiras, supostamente a primeira, a lápis.




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Esboço a lápis do verso do papel. Clique para aumentar.

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One of the most famous anti-heroes of British comics is with no shadow of a doubt, Billy Bunter. But long before making its appearance in comics, it was published in 1908 in The Magnet, written by Charles Hamilton, under the pseudonym Frank Richards. However it had previously appeared in the magazine The Gem, with somewhat different characteristics. Billy Bunter achieved from the beginning a huge popularity, which led to a good number of books, plays, a television series, broadcasted between 1952 and 1961, in addition to comics.

Bunter made his first appearance in 1940, in Knockout, with drawings by C. H. Chapman, an illustrator who worked for the magazine The Magnet, that ceased to be published by quite a number of reasons, which included the reduction of circulation and the increase in price, and also the paper shortage due to World War II. The responsibility of the series belonged to several artists until Frank Minnit (1894-1958) was called to draw it, but after a number of years editors considered that Minnit's style was outdated, and Reg Parlett took over until 1961, when the magazine Knockout was extinguished.

Billy Bunter also appeared in Valiant until 1976, but some of its stories were published in later comics. In The Natherlands, the character has gained some popularity as Billie Turf, and its stories have been published in albums until today.

But what had this character that was so special in order to achieve such success? Billy was a fat myopic boy, a coward, lazy, narcissistic guy, whose interest was uniquely to eat a lot and generate plans after plans to get food and do nothing, which often failed and gave place to a lot of different punishments. The stories took place on a British public school and many of the secondary characters were colleagues or teachers, in particular the Director of the school. All of them used to punish constantly Billy Bunter, which, in the tradition of United Kingdom schools, was whipped now and then by the Director or kicked in the but by colleagues. However, his ability to overcome these situations, his persistence to never give up and elaborate quite a number of schemes to achieve his objectives was seen with some complacency by his fans, who appreciated his combative spirit, and the situations created, some of them quite hilarious, which resulted from the various attempts to achieve his purpose, accompanied by an innate ability to ventriloquism that he frequently used and that provided some of the most interesting scenes, besides the fact that readers saw in this series a scathing critique of the British educational system and a view, although somewhat distorted, of their own experiences.

The original art page presented here has been published in the July 2nd Knockout, according to an handwritten note, with a note reading «dreadfully urgent» and the numbers 9814 and 9815 but it presents no indication of the year nor the name of the author, having been probably drawned by Frank Minnit. The page has two strips, with the total size of 43,5 by 27 cm for the drawings, and 47 by 30 cm for the paper, approximately. On the back there is an outline of the first panel, by pencil.

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