sexta-feira, abril 09, 2010

A revista Fagulha nº 1

A revista Fagulha foi um dos órgãos da Mocidade Portuguesa, neste caso da Mocidade Portuguesa Feminina, uma organização do regime salazarista destinado às crianças e jovens portuguesas, que num dado período histórico era de frequência obrigatória.

Começou a publicar-se em 1958, tendo durado até à queda do regime, em Abril de 1974, com 391 números publicados, derivando de uma outra publicação, intitulada Lusitas, editada entre 1943 e 1957. A sua correspondente masculina, Camarada, que se publicou desde 1947, chegou a possuir duas séries e mudou de título, mas a esta iremos referir-nos mais tarde, numa outra postagem. Pode ler-se um artigo sobre estas instituições através desta ligação.

Muito do conteúdo da revista evidenciava aqueles que eram os valores considerados ideais para a jovem portuguesa, futura mãe de família: a moral e a ética católicas estavam sempre presentes nas suas páginas, bem como muitos dos predicados considerados essenciais, a subserviência aos maridos, a capacidade de gerar e educar filhos obedientes para o serviço da nação, os dotes domésticos, qualidades da boa mãe e cidadã do regime da sociedade nascida do chamado Estado Novo.

As histórias aos quadradinhos aí publicadas abordavam frequentemente estas temáticas, ou iam ao encontro da literatura tradicional portuguesa, bastante inócua para o regime sob o ponto de vista ideológico ou moral.

O primeiro número data de 15 de Janeiro de 1958, tendo como directora Maria Alice Andrade Santos. Possuía doze páginas e o seu formato era quase idêntico ao A4, mais concretamente cerca de 29,5 cm de altura por 21 cm de largura. As páginas eram impressas a quatro cores ou a preto e branco, alternadamente em cada duas. Não seria uma impressão certamente barata, mas o regime e a organização da Mocidade Portuguesa suportariam os custos. Era vendida nas instalações desta organização, que existiam também nas escolas portuguesas, mas era distribuída gratuitamente às sócias da Mocidade Portuguesa Feminina, à semelhança da sua congénere masculina.

Nesta edição podíamos apreciar histórias desenhadas por José Manuel Soares, que também assinava algumas das ilustrações, e de Artur Correia, nomes incontornáveis dos quadradinhos portugueses de então e que se afirmaram igualmente noutras publicações, havendo ainda histórias desenhadas sem indicação de autoridade.

A digitalização das imagens foi realizada a 72 dpi, podendo ser aumentadas para 150 dpi com um clique do rato sobre as mesmas.



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