Três pequenas revistas
Há revistas de quadradinhos de que muita gente se recorda. São as que marcaram gerações e, de maior ou menor qualidade, deixaram no ar um resto de saudade quando as revemos e a elas conseguimos, ainda nos dias de hoje, ter acesso. Marcaram muitas vezes uma geração, e a nostalgia de as relermos por vezes deixa alguma tristeza.
Recordo aqui três delas, que, pelo seu tamanho, fizeram alguma história. Naturalmente que precisamente por isso muitas das histórias aí publicadas sofreram cortes e re-arranjos na montagem das vinhetas, para além do que já naturalmente sofriam por acção da censura.
A primeira não tinha existência autónoma. A Formiga era um suplemento da revista O Mosquito, a qual era dirigida a rapazes e editada pelas Edições «O Mosquito», e a que estiveram ligados nomes como António Cardoso Lopes, Raúl Correia, Eduardo Teixeira Coelho, entre outros. Pelo contrário, este suplemento tinha 8 páginas apenas, era dirigido por uma Tia Nita, e continha textos principalmente dirigidos às meninas, alguns passatempos, histórias infantis ou em episódios, ao estilo folhetinesco. Em quadradinhos, apresentava as aventuras de Anita Pequenita, de Jesus Blasco. A impressão era feita a duas cores, e as suas dimensões eram de cerca de 14,5 x 10,5 cm nos primeiros 47 números. Terão sido publicados cerca de 80 números, com o primeiro datado de 1943 e último possivelmente de 1945.
A segunda é o Condor Popular. Publicado para ser encadernado em volumes, para os quais foram também postas à venda as respectivas capas, era editado por Aguiar & Dias e distribuido pela Agência Portuguesa de Revistas. Cada volume era composto por dez fascículos, tendo o primeiro número do volume I sido publicado a 1 de Abril de 1951 e o último, o número 10 do volume LXXXVIII, a 1 de Abril de 1972. A periodicidade era semanal, saindo aos sábados. A ela estiveram ligados José de Oliveira Cosme e Mário de Aguiar, sendo as séries sobretudo norte-americanas, provenientes das tiras e páginas semanais dos jornais daquele país. O número de páginas de cada número era de 32, incluindo as capas, que saíam a uma cor, sendo o miolo inteiramente a preto e branco ou à mesma cor da capa, alternadamente. As dimensões eram idênticas às de A Formiga, ou seja, à volta de 14,5 x 10,5 cm. Houve ainda uma nova série, mais tarde, já com capa a várias cores e com outras dimensões.
A terceira publicação é Ciclone. Com as mesmas dimensões do Condor Popular, e o interior semelhante a este, as suas características eram em tudo idênticas, excepto o facto de não ser publicado em fascículos que contituíssem volumes, tendo assim uma numeração seguida. Foram editados 568 números, datando o primeiro de 1961 e o último de 1972. Estas revistas não apresentavam datação, pelo que é difícil estabelecer, com algum rigor, quando eram publicadas. Mário de Aguiar foi igualmente director desta revista, e a sua edição pertencia igualmente a Aguiar & Dias, Lda. As séries divulgadas tinham as mesmas características do Condor Popular.
Existe um site português que constitui uma invejável base de dados sobre as publicações portuguesas (e não só), e que também vende algumas revistas e álbuns. Trata-se de Internet Comics Database - Portugal, a que por diversas vezes tenho recorrido e para o qual tenho estabelecido algumas ligações. Os nossos parabéns e agradecimentos por esse trabalho.
Etiquetas: A Formiga, Ciclone, Condor Popular
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