Sturmtruppen, de Bonvi
Não existem muitas séries de histórias aos quadradinhos que ridicularizem os militares, em particular as tropas alemãs que combateram durante a II Guerra Mundial, sendo mais comuns as aventuras que nos mostram o heroísmo dos ingleses, franceses e norte-americanos ou as histórias de espiões, agentes secretos e sectores da resistência no seu combate contra os invasores germânicos. Mas Sturmtruppen, do italiano Bonvi é uma delas. O seu humor cáustico e surrealista criou um conjunto de personagens que integravam a vida quotidiana de um batalhão de tropas nazis, desde o seu comandante até ao simples soldado.
Franco Bonvicini, ou Bonvi, terá nascido em Parma ou Modena em 1941, vindo a falecer num acidente de viação em 1995. A sua experiência militar num regimento de tanques durante o período do pós-guerra, aliada ao seu interesse pelos uniformes e armamento das tropas alemãs, bem como por diversos aspectos da II Guerra Mundial, forneceram-lhe os dados suficientes para dar um cariz autêntico aos figurinos e às referências que utilizou em Sturmtruppen, onde a vida quotidiana dos soldados era mostrada de uma forma humorística, com exageros propositados, alguns anacronismos, como a utilização da televisão, em que não havia heróis, mas sim simples soldados com típicos nomes alemães, tais como Fritz, Otto, etc., que tentavam escapar por todos os meios possíveis às agruras da vida militar, criando cenas hilariantes e em que o comportamento militarista era colocado a ridículo, nomeadamente através de figuras como o autoritário e rude sargento, o oficial de baixa patente que criava planos para obrigar os soldados a sacrifícios pela pátria que acabavam sempre mal, o cozinheiro que fabricava refeições mais do que suspeitas, o médico que fazia experiências mirabolantes e que se julgava invisível, e um capitão que tentava dar algum bom senso a todo o batalhão, sem no entanto conseguir levar a cabo estas boas intenções. Mas a sátira estendia-se igualmente aos aliados italianos e japoneses, aos SS e ao judeu que tentavam fuzilar a todo o custo.
Como italiano, Bonvi conhecia bem a realidade desta aliança entre Mussolini e Hitler, tal como a maneira de ser dos italianos e a inviabilidade de uma tal aproximação. Os seus diálogos, que tentavam germanizar a língua falada pelas personagens, davam um tom ainda mais satírico a esta série, onde a figura do inimigo está sempre ausente, apenas se manifestando através de tanques de guerra ou disparos de artilharia que, a pouco e pouco, vão causando baixas entre as tropas alemãs, muitas vezes aproveitadas para criar cenas de humor negro.
Sturmtruppen estreou-se em 1968 no jornal Paese Sera, e obteve um enorme sucesso em Itália, tendo sido traduzida para diversas línguas, entre as quais a portuguesa, muito embora não tenha sido muito publicada em Portugal. Chegou a ser adaptada a cinema e deu origem a um jogo de computador. Em 1980, Bonvi fundou uma editora, através da qual lançou uma revista com o nome da série, na qual publicou novas histórias e reeditou outras mais antigas, bem como outras histórias aos quadradinhos, mas pouco depois abandonou praticamente a sua carreira de desenhador para se dedicar à televisão.
Algumas das histórias têm sido alvo de reedições recentes.
A página original aqui apresentada foi publicada na revista Sturmtruppen número 16, constituindo a página 57 desta edição, como se pode ver na reprodução. Não está assinada, e foi desenhada a tinta preta em papel de tamanho A4, com uma mancha de 26,3 por 18,2 cm, aproximadamente. Como se pode observar, não existe ainda texto nos balões.
A imagem, a 100 dpi, pode ser aumentada para 300 dpi com um clique do rato.
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STURMTRUPPEN by Bonvi
There aren't many comics that mock military life, specially among German troops during World War II. It is more common to find adventures that show the heroism of the British, French and the American troops, spies and secret agents stories or even the French Resistance in their struggle against the German invaders. But Bonvi's Sturmtruppen is one of them. The author's caustic and surreal humour created a set of characters that showed the daily life of a Nazi Wehrmacht battalion, from it's comander to the ordinary soldiers.
Franco Bonvicino or Bonvi, was born in Parma or Modena, in Italy, in 1941, and died in a car accident in 1995. His experience in a tank corps after the war together with his interest in German troops' uniforms and weapons, as well as in various aspects of World War II, provided him with enough information to give authenticity to this series, where the daily lives of soldiers was shown in a humourous way, with deliberate exaggeration, some anachronisms, like television, where there were no heroes, but simple soldiers with typical German names, such and Fritz, Otto, etc. who tried to escape the bitterness of military life by all means possible, creating hilarious scenes where militarism was put to ridiculous, especially through characters as the authoritarian and rude sergeant, the low rank officer who imagined ways to force the soldiers to sacrifice their lives for their country which always failed, the cook who produced quite suspicious meals, the doctor who did strange experiments and who considered himself invisible, besides a captain who tried to give some sense to the whole battalion, beeing however unable to carry out his good intentions. But the satire also extended to the Italian and Japanese allies, the SS firing squad and the Jew who they tried to shoot at all costs.
As an Italian, Bonvi knew perfectly well how the alliance between Mussolini and Hitler worked, as well as the nature of Italian temperament and how such an alliance was doomed. The speeches, which tried to Germanize the characters' accent, contributed to satirize even more the German soldiers, where the enemy's face is always absent, and only tanks and artillery shells could give away their presence, which, little by little, caused some casualties among Stormtroops, and this was often used to create black humour episodes.
Sturmtruppen debuted in 1968 in the Paese Sera newspaper, and was a huge success in Italy, being translated into several languages, including the Portuguese, but has not been very popular in Portugal. There were two movies produced on this series and a computer game. In 1980, Bonvi founded a publishing house, through which he launched a comic magazine that published new Sturmtruppen stories and reprinted old ones, but shortly after he almost abandoned his artistic career to devote himself to television. Some of his works have been recently reprinted.
This original art page was published in page 57 of the Sturmtruppen comic number 16, as it can be seen in the image. It is not signed, and was drawn in black ink on A4 size paper, with 26.3 by 18.2 cm, approximately. As you can see, there is no text in the balloons.
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Etiquetas: Bonvi, fumetti, originais, Sturmtruppen
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