domingo, maio 03, 2009

Scorchy Smith

A aventura do aviador Charles Lindbergh, o primeiro a fazer solitariamente o percurso aéreo entre a América e a Europa, veio dar origem a inúmeras séries sobre aviação, que exploravam a popularidade dos feitos deste e de outros pioneiros. Uma dessas séries foi Scorchy Smith que, à semelhança de muitas outras que surgiram nos jornais norte-americanos, passou pelas mãos de diversos artistas, de entre os quais habitualmente se destaca Noel Sickles, que lhe deu a notoriedade e lhe modificou o estilo, utilizando técnicas de contraste entre claro e escuro e um desenho impressionista que criaram seguidores, nomeadamente aquele que se veio a tornar um dos mestres dos quadradinhos, Milton Caniff, que chegou a ser colega de estúdio de Sickles.

Criada por John Terry em 1930, o qual provinha da animação e que era irmão de Paul Terry, o fundador dos Terrytoons, e distribuído pela Associated Press, Scorchy Smith relatava as aventuras de um jovem fisicamente semelhante ao próprio Lindbergh, que alugava o seu avião e os seus serviços, o que deu origem às mais diversas peripécias.

Muito se tem escrito acerca desta série, sobretudo por causa dos desenhadores que lhe deram forma, havendo algumas discrepâncias na atribuição de autoridade, o que é bem ilustrativo de que a abordagem histórica e rigorosa acerca dos quadradinhos ainda se encontra a dar os seus primeiros passos, muito embora muito tenha já sido escrito acerca desta temática.

De notar que, em Portugal, só muito recentemente é que surgiram os primeiros estudos académicos e as primeiras teses de mestrado acerca da chamada 9ª arte, sendo ainda muito poucos os estudiosos que se dedicam a este assunto de maneira mais aprofundada, de que merecem destaque Paiva Boléo, Carlos Bandeiras Pinheiro, Leonardo de Sá, para além dos pioneiros António Dias de Deus, Geraldes Lino, e Vasco Granja, e alguns outros, muito embora muito do que se tenha escrito não passasse de artigos isolados e algo desgarrados, faltando-lhes uma perspectiva histórica e uma visão de conjunto que nos dê uma visão evolutiva e mais completa sobre este fenómeno artístico, pese embora o facto de uma instituição tão conceituada como a Fundação Calouste Gulbenkian ter já organizado exposições dedicadas aos quadradinhos e publicado importantes catálogos aquando da sua realização. Bastará dizer-se que a enciclopédia da Internet, que serve de referência para diversos assuntos e que temos aqui utilizado ocasionalmente, a Wikipedia, muito embora pouco rigorosa e alimentada sobretudo por curiosos, possua muito poucas entradas em língua portuguesa sobre publicações, argumentistas e desenhadores nacionais, falha que também se verifica noutras línguas e para outras nacionalidades.

O autor do blogue Words and Pictures, Ron Harris, numa das suas últimas postagens referiu-se a esta série, apontando a lista, não sei se exaustiva, dos artistas que se encarregaram de Scorchy Smith, de entre os quais merecerá destaque, para além dos já citados, Frank Robbins, autor de Johnny Hazard, chamando a atenção para o facto de raramente serem mencionados os desenhadores que se encarregaram das últimas fases, George Tuska e A. C. Hollingsworth, já que muitas dos fontes que consultou e a que também acedemos, mencionam como último nome John Milt Morris, ignorando assim os que conceberam as tiras até ao seu final, em 1961. Aliás, as reedições que tiveram lugar ao longo dos anos limitaram-se praticamente à época de Sickles e de Robbins, como é o caso da uma edição de 2008 da IDW Publishing, que publicou as tiras de Noel Sickles, entre 1933 e 1936, com o título Scorchy Smith and the Art of Noel Sickles.

A tira aqui apresentada é da autoria de George Tuska, surgindo a sua assinatura na segunda vinheta, e está datada de 4 de Março, sem indicação de ano, mas será de 1956. A dimensão da mancha é de 33 por 9 cm e a do papel é de 36,8 por 11,8 cm, aproximadamente.




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